O fim da nossa história

- Posso te contar uma coisa que já não é novidade, que eu já disse mais de mil vezes, mas que é verdade?

- O que?

- Antes não... Mas hoje eu posso dizer que te amo.

O amor é assim. Pelo menos o amor verdadeiro. A gente nunca sente de uma hora para outra, é um sentimento construído com o tempo e de acordo com as circustâncias. Quando eu e ele começamos eu apenas gostava e só, mas hoje eu o amo, e ninguém pode duvidar disso nunca, pois só eu sei o tamanho e a intensidade desse amor, que me fez ficar boba, tola, eternamente apaixonada. Com todas as manias idiotas de alguém que ama: suspirar, ligar o tempo inteiro, dizer que ama o tempo inteiro e ficar nervosa quando o tempo passa sem ver a pessoa amada. Tudo isso pode parecer muito bobo, mas é a fatídica ilusão do amor e vai existir para sempre.

- Pena que já é tarde demais.

A voz dele estava fria, não era aquele o timbre dele, eu sabia que as coisas não estavam bem e me recusei a ver o que estava diante de mim tão claro e tão objetivo.

- Como assim?

- Quero acabar.

Então eu parei, tudo parou. Eu não consegui mais falar, meus ouvidos se recusaram a ouvir aquilo, eu não queria, nunca quis e principalmente naquele momento. Minha vista escureceu e a voz se perdeu na garganta, minhas mãos tremeram e adormeceram, eu estava caindo...

- Não...

Era tudo o que saía. Eu gostaria de ter dito a ele muitas coisas. Mas por um momento eu só quis mudar o presente, como se fosse algo que eu pudesse mudar com a minha opinião.

- Não, não...

Você não entendia. Mas não era para você que eu estava falando, eu estava falando para mim mesma. Não eu não tinha ouvido aquilo. Não, aquilo não estava acontecendo. Não, não! Será que era tão difícil assim entender o que eu queria e também o que eu não queria? Não...

Eu quase gritei e chorei. Eu implorei.

Sempre achei ridículo como algumas garotas ficavam ao terminar um relacionamento, ou melhor, ao eles terminarem. E também a atitude delas. Mas foi passando por isso, pela primeira vez, que eu entendi.

Não tenho como explicar a dor. Só dói... muito. No coração. Uma dor insuportável.

Hoje alguém me disse que dores externas, na pele, cicatrizam. Mas, e internas?

A sensação de vazio que eu estou sentindo agora, e que senti desde ontem tem fundamento, mais uma vez eu estou sozinha, e quando digo 'sozinha' não falo de estar solteira porque no fundo não me sinto assim, estou falando da falta de ter alguém com quem eu possa contar sempre. Ele era meu suporte, minha segunda parte, meu coração fora do meu corpo. O que será de mim agora? Por que, mesmo rodeada de amigos, me sinto tão só? Ele era tão importante assim? Essa dor não deveria ter amenizado, pelo menos um pouco? Até parece que faz segundos apenas que ele me disse que não me queria mais... Maldita dor, maldito vazio no peito. Maldita hora aquela que eu te conheci, talvez eu não estivesse aqui agora, chorando, tentando fazer alguém entender o que eu estou sentindo.

- Eu só quero que você seja feliz sem mim. Parte para outra...

Partir para outra? Mas do que é que você está falando? Você está louco? Ou será que sou eu?

Você mudou a minha vida. Agora não tem como voltar atrás... nunca mais vou conseguir amar outra pessoa, beijar outros lábios, conseguir dizer para um outro alguém o que ontem eu disse para você.

Ele foi cruel. Quatro horas tentando fazer ele mudar de opinião, pois é não consegui, não deu em nada.

- Você prometeu nunca me deixar...

Supliquei.

- Promessas podem ser quebradas.

E assim você pôs um ponto final na nossa história de quatro meses nessa vida e de muitos anos em outras vidas.

Ninguém nunca vai tomar o seu lugar, entenda também que ninguém nunca tomará o meu.

Mas você pôs um ponto final... O ponto final que eu também coloco agora.

Eu prometi, nunca mais cantar sobre o amor, se ele não existisse ♪ - The only exception - Paramore.