Único, Original, Forever

- Pai, eu quero um biquini novo...
- Mas filha, você comprou um não faz nem um ano!
- Mas pai, eu preciso de um biquini novo!
- Ta, vai, compra um biquini maior...
- Não pai, um menor.
E o pai não entendia nada (...)



Páginas

segunda-feira, 14 de junho de 2010


O mundo feminino é uma guerra constante. Quem é mulher sabe.

Estamos sempre querendo pisar na fêmea alheia, parecer mais bonita, mais inteligente, mais interessante quando no fundo somos todas iguais.

Eu participei de um concurso de beleza a cerca de um mês atrás no máximo. Detalhe: O concurso foi tão importante pra mim que eu nem decorei a data. Na verdade eu nem iria participar, fiz a inscrição de última hora por um acaso e porque minha irmã mais velha ficou empolgada em me fazer desfilar na frente de centenas de pessoas. Enfim, eu estava lá, pronta, nervosa, na fila de um bairro que nem era meu e mais algumas mentiras que nós inventamos.

O que me impressionou foi a forma como as outras garotas olhavam umas para as outras, da ponta do pé até o último fio de cabelo.

- Oi, como é teu nome?

Me perguntou uma menina da minha fila. Ela era linda. Negra, alta, magra. Respondi, educada:

- Natali, e o seu?

Ela me disse seu nome e logo fizemos, não amizade, mas uma espécie de coleguismo, porque passamos cerca de duas horas naquela fila.

- Essa fila é a que tem menos concorrência...

Me dizia ela. Bem simpática, mas um tanto egoísta e convencida. Em menos de uma hora eu já sabia a vida dela de cor, quantos meninos já haviam pedido pra ficar com ela, quantas pessoas já disseram o quanto ela era linda, o quanto o céu era azul, etc.

A maneira como ela olhava para as outras garotas era de desprezo. E essa forma de olhar me fez fazer uma seguinte reflexão:

Quando se trata de concorrência, garotas não são só garotas, são monstros, animais irracionais. A desgraça alheia sempre parece interessante e divertido. É uma forma de autoaceitação, ou seja, como nunca estamos satisfeitas com a aparência ou com nós mesmas, isso inclui talentos e dons, procuramos sempre amenizar os dotes das outras meninas. Esse processo é rápido e natural, apesar de não ser nada legal. Ele começa quando nossa visão superior reconhece em outra garota dons físicos e psicológicos que gostaríamos de ter, em seguida olhamos para nós mesmos e por mais que sejamos lindas, inteligentes, divertidas, os dotes parecem sumir como mágica, o que faz a outra parecer sempre melhor. É uma afirmação falsa e idiota.

Enquanto estávamos na fila, uma garota veio cumprimentar os amigos dizendo alegre que tinha passado para a segunda fase do concurso. Não sou melhor espiritualmente do que ninguém, mas por pensar diferente, minha resposta a alegria dela foi um sorriso. A da minha colega ao lado foi a seguinte:

- Se essa aí passou, todo mundo aqui passa.

Será possível que aquilo seria mesmo tão importante assim? A nota dos jurados diria que não somos boas o suficientes? Mediria nossa capacidade?

Eu mesmo, não nasci para ser top model, não passei. Mas saí sorrindo feliz pela participação e fui comer pizza. Ao contrário de outras que quase morreram de chorar, por se deixar convencer de que realmente não eram boas o suficiente.

Não havia uma menina lá que não estivesse bem vestida e maquiada por mais simples que estivesse. Aposto que cada uma de nós havia levado horas para se arrumar. Fizemos poses, caras, bocas no espelho... Sonhamos acordada, voamos alto, desfilamos bem, retocamos, fizemos ajustes, sentimos TODAS o mesmo frio na barriga, tínhamos TODAS a mesma vontade de passar.

Somos TODAS, boas o suficiente para cada uma de nós. Cada uma com seu talento, com suas vontades, seus costumes, sua cor, sua cultura. Somos todas garotas e estamos todas interligadas por milhões de coisas, situações e gestos em comum. Somos todas iguais, queremos as mesmas coisas. E se cada uma de nós nos aceitarmos como realmente somos, sem deixar com que limitem nossa capacidade, iremos TODAS muito longe.


Maria Natali Gomes dos Santos dedica este texto a todas as meninas que participaram do concurso Estrela Do Meu Bairro e a outros tantos por aí :)

Nenhum comentário:

Postar um comentário